sexta-feira, 14 de março de 2008

Entraram de novo em casa

Sempre fui com o focinho dos gatos. Quando mais novo tinha uma, toda preta, no meu apartamento. Acho que no fundo, no fundo, devo ter alguma inveja deles por sua agilidade, elegância, beleza, independência e astúcia. Mas o destino, sempre ele, me afastou do mundo fantástico dos felinos. E, por falar em gatos, outra classe de animais que eu gosto muito, são os cachorros. Tenho quatro deles em casa.

Cachorros, ao contrário dos gatos, dependem bastante da gente. Querem carinho a toda hora, também nos enchem de carinho o dia todo. Como prova disso, eles dormem no mesmo quarto que eu e minha mulher.

Uma noite dessas, quando Hipnos já tocara sua flauta para embalar meu sono, acordo assustado com um barulho no forro da casa e com os pequenos cachorros latindo como feras. Não fazia idéia do que podia ser.

No começo, achei que fossem ratos, mas ratos não iriam fazer tanto barulho. Mas, por outro lado, não sei se o forro podia agüentar uma pessoa. Um roedor comedor de queijo, também não é tão pesado ao ponto de balançar o lustre.

Levantei com certo receio. Já haviam invadido minha casa pouco tempo antes, para entrarem de novo, não custaria nada. Sai pela casa acendendo as luzes para tentar enxergar alguma coisa quintal. Mas não vi nada que não era para ver – ou era. Fiquei ainda mais cabreiro.

- Será que o cara ta escondido? – Perguntei para meu zíper.

Por mera precaução, já que eu estava na cozinha nesse momento, empunhei, com bravura e valentia, uma faca daquelas grandes. Se alguém quisesse entrar, ia, pelo menos, pensar duas vezes antes de investir casa adentro.

Mas minha mente workaholic já fazia hora extra. E, se o gatuno estivesse à espreita e, mais cedo, ou mais tarde ele entrasse armado até os dentes a caça de objetos de valor, e, até mesmo de nossa integridade física?

Corri para o telefone. 190. Chama, chama. Alô. Oi, to ouvindo um barulho no telhado, acho que entraram de novo em casa. Sim. O endereço é tal. Obrigado. Estou aguardando.

Pronto. Nada como a segurança da lei. Dentro de instantes alguns corajosos homens da lei estarão tocando minha campainha. Ding-dong.

Chegaram. Ufa! Estamos a salvo. Fui cheio de coragem abrir o portão, falei para eles entrarem e, fingindo estar tudo na mais perfeita normalidade. Abri a tranca reforçada da porta do fundo, que dá acesso ao telhado. Eles – eram dois – subiram – de arma e lanterna em punhos – a escada que vai para o telhado. O mais alto jogou a luz por cima do telhado e disse com uma dose de espanto:

- Tem dois gatos aqui em cima.

Um comentário:

anna legroski disse...

tem dois gatos aqui.

=P

gostei...
mas acho q o começo tira toda a surpresa do final.
sei lá se era a intenção.
enfim, gostei.
Bjão ^^